POR: JOSÉ
CARLOS AMORIM
“ A MULHER NA TOURADA “
“ Se uma mulher decidir tourear, a pé ou a cavalo, terá de
enfrentar muito mais dificuldades que um homem com a mesma opção. “
ANGELA MATADOR DE TOROS |
Homem e Mulher. Dois seres que
apesar de muito semelhantes, serão sempre diferentes em determinados aspectos.
Um deles é a tourada.
Se uma mulher decidir tourear, a pé
ou a cavalo, terá de enfrentar muito mais dificuldades que um homem com a mesma
opção. Aliás, as maiores dificuldades vêm precisamente dos homens. Estes, ou
por inveja e medo de serem destronados do seu posto de heróis ao tourearem com
elas, ou simplesmente por machismo, estão seriamente convencidos que o toureio
é coisa de homens. Um bom exemplo foi João Núncio, nos anos de quarenta, ao
vetar as corridas com Conchita Cintron por receio que no confronto entre ambos
se notasse que ela além de tourear divinamente a cavalo ainda se desmontava
para lidar o animal de capa e muleta. Feria-lhe o orgulho. Talvez fosse pelas
razões atrás apresentadas que em 1908 apareceu a lei CIERVA, que interditava o
toureio às mulheres.
A lide de vacas por mulheres vem já
desde o século XVII, datada de 1776 a água forte número 32 de Goya, retrata uma toureira e pode
ler-se a seguinte legenda “valor
varonil de la celebre Pajuelera “.
A arte de tourear exige pessoas
corajosas, livres de medo e com talento natural.
Algumas mulheres mais conhecidas nesta arte,
mostram ser capazes de dar tudo por tudo por ela, inclusive a própria vida.
Angelita 15 anos, que em Maio de 1895 toureou até ao fim da corrida, apesar de
ter levado cornada de 3 cm, na coxa direita, logo no inicio; ou a sua rival
Lolita, que em l897 foi a Huelva estoquear dois bezerros, doze dias depois de
ter levado uma cornada que lhe rasgou a face esquerda.
Tina Cardoso não teve muita sorte,
pois não conseguiu demover o pai, embora se
tenha apressado a telefonar para uma escola de toureio no dia seguinte a
atingir a maioridade. Mais tarde
recusou participar numa festa em que teria de tourear vacas corridas, pelo simples facto de que
iria apenas divertir a assistência por ser mulher. ficou satisfeita por ter
cumprido a sua verdade de toureira, voltando seguidamente ao anonimato.
Ana Maria, descoberta aos dezasseis
anos, chegou a profissionalizar-se e a viver do toiro durante três anos. Para
alguns toureava melhor a pé que Conchita Cintron, mas recusou participar em
vários espectáculos de variedades como atracção. Ou era verdadeiro ou não era.
Tirando algumas excepções, a maioria
destas ilustres mulheres, não se chegavam a profissionalizar acabando por
abdicar a favor de outras coisas, como Conchita Cintron que esteve vinte anos
sem montar para poder dedicar-se inteiramente à sua família. Para ela a corrida
de toiros era uma forma de expressão, achando particularmente emocionante o
facto de não ter calendário, não saber se estava viva até ao fim da corrida.
Estas
mulheres mereciam que o meio taurino português fosse mais justo com elas.
Noutra perspectiva, a mulher aparece
na tourada como um símbolo da sensualidade, “ se me amares Carmen, em breve
sentirás orgulho de mim “ dizia
Escamilho à porta da praça, antes de começar o toureio.
Há muitos anos os toureiros dedicavam
o “ brinde “ às mulheres. Este brinde consistia em dedicar o toureio ( faena ou
sorte ) à sua amada. Para tal efeito, o toureiro colocava-se na direcção da
mulher a distinguir e proferia breves palavras. Se fosse cavaleiro tirava o
tricórnio para o brinde e os forcados ou os espadas atiravam a “ montera “ ou o
barrete. As mulheres que recebiam uma dedicatória podiam considerar-se as mais
lisonjeadas, visto que todas as que assistiam dependiam dos toureiros. Em
Espanha, depois de matarem o toiro, em vez de só proferirem algumas palavras,
cortavam as orelhas, o rabo ou uma pata ao toiro e dedicavam-nas á sua
preferida.
Contudo, e apesar da sua raridade, as
mulheres podiam reprovar o acto, para isso usavam palmas de tango, se pelo
contrário gostassem, o que acontecia todas as vezes, batiam palmas e
ovacionavam o toureiro.
Nessa altura o toureiro que conseguisse
matar o toiro mais rapidamente possível e com o menor número de golpes, seria o
mais forte e corajoso. Muitos homens apenas toureavam para poderem mostrar a
sua virilidade a todas as mulheres e não só às que assistiam à corrida
Para conseguirem conquistar o
toureiro, isto é, ter o toureiro dedicado a si sentavam-se em sítios
estratégicos e usavam vestidos resplandecentes. Estes eram adornados com
brilhantes, lantejoulas, folhos e rendas. Usavam também as suas melhores
mantilhas e véus. Os fatos eram muito compridos e as cores predominantes eram o
vermelho, o preto e vários tons de rosa. Em suma, fatos que despertassem a
atenção de todos, especialmente a dos toureiros.
Podemos assim dizer que a mulher já
teve um papel essencial na tourada
Exemplos
Elvira Guerra, Maria Salomé, Josefa Mola, Juanita Cruz, Maria da
Graça, Elisa Sabina, Maria Paz Vega,Cristina Sanchez, Ana Maria e mais
recentemente Maria Sara, Patricia Pellen, Sónia Matias, Ana Batista, Marta
Manuela, Mónica Monteiro, Ana Rita, Joana Andrade, Isabel Ramos e tantas outras
em Espanha.
Angela foi a que conseguiu depois de muito lutar a igualdade da mulher perante os homens no parlamento Espanhol e tomo a alternativa de matador de toros.
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Apoderamento e representação de toureiros. Organizações Tauromáquicas
Nacionais e Internacionais.
Consultor Tauromáquico, Marketing e Promoção.
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