1.
A Senhora Presidente da Comissão
Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens concedeu no
dia 5 de Abril de 2018 uma audiência à TTP- Associação de Tertúlias
Tauromáquicos (ATTP), a pedido desta associação, sobre o tema “crianças e
tauromaquia”. A ATTP ficou grata à Senhora Presidente da CNPDPCJ pela
disponibilidade que teve para a receber e pela atenção com que ouviu os
argumentos de jovens aficionados e das centenas de milhares de pais e encarregados
de educação representados pela ATTP.
2.
A Associação dos aficionados à
Festa de Toiros em Portugal fez-se representar pelo Presidente da Direção, Luís
Capucha, por Marco Gomes, professor no Agrupamento de Escolas de Alter do Chão
e aficionado, e por três crianças, a Sofia, a Carla e o Tomás, jovens
aficionados que pertencem ao Clube Taurino daquele Agrupamento de Escolas,
devidamente autorizados pelos seus encarregados de Educação.
3.
A TTP começou por manifestar o seu
incómodo pelo modo como associações anti-taurinas têm tentado instrumentalizar
instituições públicas a favor de ações persecutórias contra a Festa de Toiros,
que não têm qualquer justificação e apenas visam impor uma rutura geracional
impedindo os cidadãos aficionados idóneos de educar os seus filhos da forma que
entendem por conveniente, bem como retirar aos jovens a possibilidade de
aprender, no tempo certo, as artes do toureio e beneficiar de uma prática que
amam.
4.
Na verdade, agentes anti-taurinos militantes
têm vindo a denunciar, de forma sistemática, todo e qualquer evento
tauromáquico, sob o pretexto de que nele podem intervir crianças, ainda que
disso não exista qualquer evidência ou sem que a sua realização ofenda qualquer
norma legal. Mesmo quando se trata de meras aulas de toureio ou treinos de
forcados, com reses de tamanho adequado à função de aprendizagem, ou quando nem
sequer se prevê a presença de animais nesses eventos, mas apenas toureio de
salão, ou ainda de meras “festas camperas” organizados por Tertúlias ou Clubes
Taurinos, têm aparecido sistematicamente (obra de profissionais da mentira e da
manipulação) as falsas denúncias. Visando prejudicar os organizadores e criar a
imagem totalmente errónea de que se colocam crianças em risco, a verdade é que
acabam por causar incómodo às forças de segurança, às Comissões Concelhias de
Proteção de Crianças e Jovens e a outras entidades, que se vêm constantemente
mobilizadas para correr atrás de falsos alarmes, por vezes em situações que se
tornam ridículas e as expõem a esse ridículo.
5.
A TTP teve a oportunidade de
manifestar o seu repúdio pela ação persecutória destas associações animalistas
e de alertar para o modo como elas estão a sequestrar o Estado e as suas
instituições, instrumentalizando-as para os fins próprios. A criação de um clima de terror contra a
Festa de Toiros encontra no preocupante crescimento da intolerância, da
xenofobia, do fanatismo e da violência nas sociedades modernas a tendência
sociopolítica em que se inscreve.
6.
A TTP, e em particular as crianças
que a integram, tiveram a possibilidade de expressar as razões pelas quais amam
a Festa de Toiros e o animal que é o seu centro. Salientaram o papel educativo
da tauromaquia, ao permitir que as crianças e jovens incorporem um quadro de
valores como a disciplina, o esforço, a coragem, o respeito pela natureza e
pelos animais e a solidariedade, de que foram dados muitos exemplos a partir da
própria experiência e atividade do Clube Taurino do Agrupamento de Escolas de
Alter do Chão.
7.
A TTP rejeitou as tentativas
demagógicas e absurdas de colar a participação ou assistência a eventos taurinos
a maus tratos ou a qualquer tipo de danos psicológicos ou outros provados às
crianças. As crianças que nascem e vivem em comunidades nas quais a Festa de
Toiros faz parte da identidade cultural não crescem perturbadas nem violentas.
Nem tão pouco se registam acidentes com crianças em aulas práticas de toureio,
treinos de forcados ou outros eventos do género, porque os pais e professores
amam as suas crianças, se preocupam com elas e cuidam das condições,
nomeadamente das reses, para que a segurança – e o prazer de se sentir toureiro
ou forcado, mesmo que a brincar ou apenas no início – estejam totalmente
asseguradas. Em muitos e conhecidos casos há, pelo contrário, evidências de que
a Festa promove a escolarização das crianças e a qualidade da sua educação
quando não a encontram onde deviam, por crescerem em ambientes de exclusão
social.
8.
Os perigos e os ataques aos
direitos das crianças são notícia diária, sim, mas por agressões físicas, psicológicas
ou sexuais por parte de familiares e educadores dementes; no trabalho infantil;
nos acidentes de trânsito e nos meios de transporte escolares sem condições
básicas de segurança, nos jogos e programas de televisão de violência extrema
entre pessoas. Ou quando animais ditos de companhia, como cães de raças perigosas,
atacam e chegam a matar crianças. É para esses casos que as autoridades
portuguesas deviam dirigir as suas energias e as prioridades da sua ação.
9.
Como cidadãos de um país
democrático e livre, os aficionados exigem respeito e consideração, em nome da
liberdade, da igualdade de direitos e da democracia cultural. E também da
responsabilidade de proporcionar bem-estar e educar as suas crianças e jovens.
O proibicionismo animalista não pode levar a nossa sociedade a modernizar-se e
a desenvolver-se. Aparentemente, ganha terreno, montado no corcel do pensamento
único e distorcido (como todas as ideologias totalitárias) sobre o que é a
natureza e os animais e sobre a relação natural da humanidade com eles. Mas isso
não nos conduzirá, como sociedade, a bom porto. Mesmo que a seu favor soprem os
ventos e os Euros provenientes de organizações internacionais que fornecem a
cartilha e o dinheiro aos militantes portugueses do animalismo, de modo a que
procurem condicionar as populações, a comunicação social, os agentes políticos
e outros que deveriam cuidar dos direitos dos cidadãos, em vez de os perseguir,
essa direção é a errada.
10.
A ATTP quer estar do lado da lei
que regula a Festa de Toiros em Portugal e sabe quais os locais próprios para
se bater pela sua alteração nos aspetos em que ela deve mudar. Concorda que não
devem participar em espetáculos taurinos profissionais menores de 16 anos. Mas
julga que compete ao pais e encarregados de educação idóneos decidir se os seus
filhos e educandos podem ou não assistir a espetáculos tauromáquicos e aprender
a tourear, percorrendo as diversas etapas da formação, se for essa a sua
vocação e a sua paixão. Sempre de forma articulada com a obrigação de promover
o sucesso escolar das crianças e jovens. Repetimos, não há nenhuma evidência de
que a Festa de Toiros prejudique as crianças, mas há muitas que provam que pode
ser benéfica para o seu crescimento equilibrado e a sua realização como futuros
adultos responsáveis e felizes. E também repetimos que são inúmeros os perigos
que espreitam as crianças e jovens. Perigos esses que não são do tipo dos
falsos alarmes e denúncias espúrias dos animalistas. São perigos que se
concretizam demasiadas vezes em atentados contra os seus direitos e o seu bem-estar.
É contra esses perigos que as crianças e jovens devem estar protegidos.
11.
A ATTP registou, além da abertura
revelada pela Senhora Presidente da CNPDPCJ para ouvir o seu ponto de vista e
inteirar-se dos seus fundamentos, o compromisso assumido pela CNPDPCJ, de ouvir
o contraditório dos taurinos em casos de novas denúncias, num quadro em que o
primado da Lei será sempre respeitado. É assim que devem funcionar as
instituições em democracia, o que mais uma vez se aplaude.
O Presidente da
Direção da TTP – Associação de Tertúlia Tauromáquicas de Portuga
____________________________________
(Luís
Capucha)
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