MESTRE BATISTA |
LUIS MIGUEL DA VEIGA |
Homenagear
Mestre Batista é a maior das emoções
José Mestre Batista
e Luis Miguel da Veiga conheceram-se ainda jovens, em Montemor e tornaram-se
grandes amigos e companheiros. A diferença de idades (7 anos), não obstou a que
construíssem uma sólida amizade, baseada no respeito mútuo e no objectivo
comum, de virem a ser figuras do toureio, objectivo que ambos conseguiram,
marcando uma época que foi uma autêntica lufada de ar fresco no panorama do
toureio a cavalo em Portugal.
“Nunca fomos
rivais”, fez questão de salientar Luis Miguel da Veiga, em declarações ao site www.campopequenotauromaquia.com,
a propósito da sua participação na corrida de homenagem a José Mestre Batista,
a realizar quinta-feira, dia 9, no Campo Pequeno, na qual fará as cortesias com
o cavaleiro francês Luc Jalabert (afilhado de alternativa do homenageado).
“Nunca tive com o José Mestre Batista a mínima discussão ao longo das mais de
400 corridas em que partilhámos cartel, oitenta das quais no Campo Pequeno. “Competimos
com a máxima lealdade, cada um expressando, com autenticidade, a sua forma de
interpretar e de sentir o toureio a cavalo”.
Luis Miguel da
Veiga salienta no toureio de José Mestre Batista a sua forma única e muito pessoal
de entrar ao piton contrário e a exigência no momento da reunião. “Eram os
ferros à Batista, cuja lembrança ainda hoje perdura na memória de muitos
aficionados, quando se vê citar de praça a praça e aquelas entradas fulgurantes
ao piton contrário com as quais o público tanto vibrava…uma autêntica imagem de
marca”, acrescenta.
Luis Miguel da
Veiga autodefine-se como um artista que vivia muito da inspiração momentânea,
embora respeitado sempre os cânones da Ate de Marialva. “Éramos dois artistas
com personalidades distintas, que se complementavam e aí pode ter estado um dos
factores, se não o principal factor, em que se basearam os êxitos que
conseguimos. Cada um de nós entrava em praça para fazer o seu melhor.
Possuíamos personalidades artísticas bem vincadas e, por paradoxal que possa
parecer, se as diferenças podiam potenciar divisão entre o público, o certo é
que, no final da corrida havia unanimidade quanto à qualidade o espectáculo que
tínhamos proporcionado”, recorda.
“Nas décadas de 60
e 70 do século passado o público entendia o toureio a cavalo de outra maneira e
havia coisas que hoje são permitidas que, na altura, o público não deixava que
se fizessem. Havia uma outra cultura tauromáquica, com um maior conhecimento do
campo, do toiro, do cavalo”, diz Luis Miguel da Veiga
Possuíam
verdadeiras legiões de seguidores. No final das corridas, a norma era serem
submergidos por ondas de seguidores em busca de um autógrafo, um botão da
casaca, uma pluma do tricórnio. “Um bocadinho tecido da casaca, uma pluma do
tricórnio, um botão que fosse, eram disputados como verdadeiros troféus entre
os espectadores disputados quase com a fúria de guerreiros, sobretudo pelas fãs
que sempre se acercavam de nós no final das corridas”. Uma vez em Cascais,
saímos da praça escoltados pela Policia, pois o pessoal queria fechar o edifício
e eram tal a multidão que nos pedia autógrafos, que só com a intervenção das
autoridades fomos resgatados”, lembra.
Ainda falando da
relação de ambos com o público, diz Luis Miguel da Veiga que “foram tempos de grande
espontaneidade, autenticidade e simplicidade. Tudo era muito natural e sem
vaidades. Dar um autógrafo, cumprimentar um cidadão anónimo que nos reconhecia
na rua era uma acto natural e essa naturalidade, creio, foi muito útil para o ambiente
magnífico de que desfrutámos em praça, onde cada um de nós foi sempre um artista
querido e respeitado.”
Questionado sobre o
que significa este seu regresso ao Campo Pequeno, Luis Miguel da Veiga
definiu-o assim: “Cada vez que visto a casaca é uma emoção indescritível; cada
vez que piso a arena do Campo Pequeno é um momento inolvidável; homenagear o
José Mestre Batista e, ainda por cima no Campo Pequeno, é a maior de todas as
emoções.”
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