O titular da
ganadaria, Jorge de Carvalho, é uma personalidade multifacetada, como
aficionado e cientista. No que à tauromaquia respeita, para além de aficionado
e ganadero foi, na sua juventude, cavaleiro amador, tendo alternado com as
grandes figuras do toureio equestre da década de 1960 e inicio da década de
1970. Como cientista, é Professor Jubilado do Instituto Superior Técnico com
agregação em 2011 na área de Processos de Engenharia Química, sendo responsável
por dezenas de projectos de Investigação, Co-autor de dezenas de comunicações científicas,
mais de cem artigos científicos e várias patentes Nacionais e Internacionais.
A ganadaria foi fundada
em 1969, com trinta vacas da Herdade de Camarate e um semental de Teles Branco
(actualmente Lopes Branco) foi instalada em Arruda dos Vinhos, onde ainda hoje
pastam sessenta vacas reprodutoras. Contudo, a ganadaria também pastoreia no
Porto Salazar (Azambuja) e na Herdade das Entrematas (Alcáçovas). Tem como
Antiguidade 16 de Agosto de 1975 (Arruda dos Vinhos), divisa amarela, vermelha
e branca e sinal nas orelhas do seu efectivo é o “Ramal”, em ambas.
Em que ano
debutou a sua ganadaria no Campo Pequeno?
Jorge de
Carvalho: A Ganadaria apresentou-se no Campo
Pequeno, numa Novilhada Mista com 8 Novilhos – Toiros, a 20 de Julho de 1978.
Gostaria de ter ido ao Campo Pequeno com uma Corrida mista há já alguns anos,
como esteve planeado, mas só agora, no ano do quinquagésimo aniversário da sua
formação, vejo chegar esse momento, com uma corrida à portuguesa.
Fale-nos da
evolução da ganadaria, ao longo deste meio século
JC - Estabeleceria cinco fases para caracterizar
a evolução da ganadaria:
1ª Fase - A
Ganadaria, com Vacas da Herdade de Camarate e um Semental Telles Branco,
produziu animais com mobilidade que serviam para o Toureio a pé e a cavalo.
2ª Fase - Afim de
encastar os produtos, cruzou-se o efectivo com 2 Toiros Urquijo (Engº José
Samuel Lupi) de 1979-1984, afim de se produzirem toiros maiores e com mais
raça.
3ª Fase - A partir
de 1993, os sementais passaram a ser também Toiros Oliveira e Irmãos. Os
produtos destes cruzamentos deram animais com Fêmeas muito boas e Touros alguns
muitos duros para os Forcados.
4ª Fase-
Decidiu-se, em paralelo com os Toiros Oliveira, introduzir um Toiro Charrua,
que deu mobilidade aos machos e suavizou-os para os Forcados.
5ª fase - Em 2000
foram adquiridas 70 Fêmeas por tentar, à Ganadaria Simão Malta e 30 Novilhas
tentadas, à Ganadaria do Sr. Fernando Santos, origem Cabral Ascensão. A partir
de desse momento ficamos, após tentas rigorosas, com as fêmeas muito boas
destas duas procedências e as Vacas com muito boa nota da ganadaria existente.
Mais sementais foram adquiridos à Ganadaria Oliveira e Irmãos. Foi a partir
desta nova fase que a ganadaria teve um enorme salto qualitativo, com novilhos
e toiros com muita qualidade, quer para o Toureiro a Cavalo, quer para o
Toureiro a Pé.
Como
caracteriza o momento actual da ganadaria?
Desde 2015 que a
Ganadaria se apresenta num bom momento com toiros com nobreza, a crescerem
durante a lide, com recorrido e prontidão. Podemos dizer que a partir do ano
2000 a Ganadaria começou a ter, quer em novilhos quer em touros, animais com
qualidade e bastante uniformidade nas Camadas.
Muitos Toiros foram
distinguidos com Prémios e a Ganadaria começou a apresentar uma qualidade muito
boa, também para o Toureio a pé.
Em 2014 o efectivo
foi reduzido para 50% em virtude do Preço da Comercialização dos Toiros ser baixo.
Que toiros
vai enviar para o Campo Pequeno?
JC - Pus à disposição da empresa do Campo Pequeno dez toiros, dos quais a
empresa seleccionará, nos termos do Regulamento do Espectáculo Tauromáquico em
vigor, pelo menos dois sobreros além dos seis titulares que, em princípio,
serão os 83, 84, 86, 89, 90 e 99 e, sobre estes últimos, gostaria de tecer
alguns comentários.
Estes toiros são
filhos de três sementais: o 88, o 156 e o 214. O 88 foi lidado pelo Rui
Salvador, no Cartaxo em 2013. Foi um toiro que respondia aos cites com alegria
e carregava após os ferros. Tem 75% de sangue “Oliveira e Irmãos” e 25% de
sangue “Charrua”. O 156 ganhou o concurso de ganadarias de 6 de Outubro de 2013,
nas Caldas da Rainha. É filho de uma vaca de ferro Simão Malta e do
“Douradinho”, ferro Oliveira e Irmãos. O 214, de nome “Malhinhas” foi lidado na
Vidigueira, em Julho de 2007 e, ao ser tentado, resultou excelente na sorte de
varas, vindo a dar óptimos descendentes.
Mas vejamos agora
os seis toiros um por um, todos eles com o algarismo 5 na espadua, portanto,
animais nascidos em 2015 e com 4 anos cumpridos. O 83, “Avestruz”, é filho do
156 e por parte da mãe herdou uma genética excelente; O 84, o “Costureiro I”, é
filho do semental 88; o 86, o “Faisão” é filho do semental 156; o 89, o
“Costureiro II” é filho do semental 88 e possui muito boa genética por parte da
mãe; o 90, o ”Andorinho” é filho do semental 214 e com excelente genética por parte
da mãe (ferro Cabral Ascensão) e, finalmente, o 99, o “Rola”, com bom trapío e
boa genética, filho do semental 88.
Com base apenas na
genética de cada um dos toiros em análise, diria que, estamos em presença de um
curro de grande homogeneidade com cinco deles (83, 86, 89, 90 e 99) num patamar
muito elevado.
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